2012/04/22

Resenhas: Guritiba I

A primeira edição do festival Guritiba aconteceu ontem a noite no Balarama Cozinha Indiana. O evento reuniu muitos amigos, as bandas convidadas para tocar e mostrou que ainda é possível fazer acontecer um festival com bandas dos gêneros musicais hardcore e punk rock sem o patrocínio da bares, casas de shows, lojas de instrumentos musicais e sem cotas de ingressos como manda a saudável cartilha da ética Do It Yourself.

Todas as fotos na horizontal foram tiradas por Marina Bueno. Clique aqui para conhecer seu trabalho e aqui para baixar todas as fotos que ela compartilhou.

O primeiro grupo a se apresentar, a You, cuja origem do nome é a música da banda californiana Bad Religion, interpretou sete músicas, seis de sua autoria. A performance comecou com atraso de uma hora porque o quinteto precisava de dois microfones e até o momento marcado para o início do show, apenas um se encontrava no local e estava pronto para ser usado. A organização do evento e os membros da banda se uniram e correram atrás do equipamento, até que este chegou e foi emprestado por Lucas, baterista da Till Joey. A apresentação foi muito especial para a You pois foi sua primeira oportunidade após dois shows em 2010. Na época, os garotos tocavam apenas por hobbie e passaram por trocas de membros mas a essa foi a oportunidade que eles precisavam para consolidar sua formação e seguir adiante com seus objetivos. O público presente já era numeroso e pode conhecer um dos grupos que apresentou uma das proposta mais pesadas de todo o festival. A intenção do quinteto era interpretar ao vivo as músicas Modern Man, New Dark Ages e You mas no final do show a segunda corda da guitarra de Leonardo arrebentou e a banda foi obrigada a encerrar a sua performance.



Faixas

01 Banda Comercial
02 One Reason (Pennywise)
03 Até Quando Esperar
04 Diploma (Noção De Nada)
05 Jeito De Viver
06 Faça Você Mesmo
07 Seus Erros Vão Te Ensinar



Pouco antes das 18:00, a Traditional Disorder deu sequência ao evento. Essa apresentação foi uma das mais energéticas da noite e interessou não somente os amigos da banda e os que já conheciam o grupo, mas também os outros presentes. O equipamento musical limitado comprometeu um pouco a qualidade do som para quem estava dentro do restaurante, mas a galera que curtiu o show do quinteto na frente do local pode ouvir sem problemas todos os instrumentos e, principalmente, a voz de Artur. Ele é o responsável por cantar as canções em inglês e por um dos diferenciais da Traditional Disorder: sua técnica de voz. A velocidade com a qual o baterista e os guitarrista executam as duas canções são outros pontos positivos para a banda mas, como não poderia deixar de ser, o baixista, Danilo, vulgo Paulista, deu um show a parte reclamando a apresentação inteira sobre um pequeno problema na alça de seu baixo. Assista a seguir ao video no qual banda interpreta a música Why Skate?:



Faixas

01 Intro
02 What You Say
03 Believe Or Be Free
04 Smoke
05 Redemption
06 I'm Enough
07 I.T.D.
08 Only Weak Fall
09 Why Skate?
10 I don't Give A Fuck


A grande surpresa da noite foi a performance da banda Till Joey. O pedido foi feito pelo baixista do quarteto, o mesmo que o do grupo anterior, dias antes do festival. Mais do que um show de divulgação, o momento foi muito especial para os quatro pois serviu para animar e alegrar seu barerista. Ele passou por momentos muito difíceis nas últimas semanas em uma luta pessoal contra seus próprios demônios e a oportunidade de fazer uma das coisas que mais gosta, tocar, o deixou muito feliz. O organizador do evento e autor dessas palavras não conhecia o garoto mas, após sabe a história, observou-o durante a apresentação e sentiu como aquele momento estava sendo especial para Lucas, vulgo Rodol. Como de costume, a Till Joey interpretou músicas de sua autoria e versões cover de suas influências: Bad Religion, Charlie Brown Jr, Planet Hemp, e Sublime. Como o público se encontrava afastado e fora do restaurante, o vocalista Tiago se apresentou dos presentes e mostrou uma performance de palco muito interessante, além de fazer discursos sobre a legalização da maconha, entre outros tópicos. Assista ao vídeo a seguir no qual a Till Joey intepreta Não Deixe O Mar Te Engolir:

Faixas

01 Pra Eu Cantar Minhas Revoltas
02 Mary Jane + Baseado Em Fatos Reais
03 We're Only Gonna Die (Bad Religion)
04 Manguetown (Chico Science)
05 Fire (Jimi Hendrix)
06 Sangue, Suor E Reação
07 Evinha Do Pó
08 Muito Empenho, Pouco Patrocínio
09 Não Deixe O Mar Te Engolir (Charlie Brown Jr)


A primeira parte do festival se encerrou com a performance da banda Save Your Ass. Mesmo com alguns erros individuais, o quarteto mais uma vez ofereceu uma apresentação sólida e que divertiu muito o público presente. A ordem escolhida para a execução das músicas foi muito feliz pois o quarteto pode divulgar as músicas de sua autoria, manteve o público muito interessado e depois fechou a apresentação com chave de ouro ao interpretar versões cover de Samiam e Street Buldogs. Após o show, membros de outras bandas comentaram com o organizador do festival que não conheciam a Save Your Ass mas que se impressionaram com o show e principalmente com a pegada do guitarrista Danilo, vulgo Alface. Assista a seguir ao vídeo a seguir no qual o quarteto abre sua apresentação com as músicas Destruction e Never Change:



Faixas

01 Destruction
02 Never Change
03 Garage
04 So Close
05 Galetera
06 The Scape
07 Money
08 Dull (Samiam)
09 Road
10 Play This Song Again (Street Buldogs)


Depois que a os membros da banda Hesterco prepararam o equipamento de som e afinaram seus instrumentos, o organizador do evento leu o texto Manifesto Hardcore, de sua autoria. Assista a seguir ao vídeo:



Depois do manifesto, a Hesterco se apresentou por cerca de 30 minutos. O tempo foi suficiente para a interpretação de todas as músicas do seu set list e passar a sua mensagem para o público. A maioria dos presentes já conhecia o grupo e os que não tinham nenhum contato com o quinteto puderam comprar seu primeiro álbum de estúdio, Armas Democráticas, pela bagatela de R$3. Este trabalho possui seis faixas, capa com encarte e foi gravado e lançado de forma independente do final do ano passado. A ocasião foi importante pois eles interpretar pela primeira vez a música Transportando (Parte II). Além de contribuir com sua performance, membros da banda ajudaram muito na realização do evento ao emprestar seus equipamentos de som e principalmente intermediando com a dona do restaurante a reserva do espaço para o festival.

Faixas

01 Nada De Novo No Front
02 Transportando
03 Financiando Uma Decadência
04 Dinheiro
05 Cidadão
06 Armas Democráticas
07 Transportando (Parte II)
08 Esperança


O trio Ribas On The Rocks foi a penúltima banda a se apresentar, pouco antes das 21:00. A banda escolheu interpretar v ersões cover de uma de suas maiores, o maior nome do horror punk, Misfits, durante todo o tempo disponível. Castor, Ribas e o baterista suplente mostraram uma puta presença de palco que animou os presentes a cantarem os versos das músicas durante todo o show. O trio possui um álbum de estúdio com músicas próprias gravadas, Ratcliff, com 10 faixas cuja descrição pode ser lida em seu site oficial.

Faixas

01 Astro Zombies
02 She
03 Halloween
04 20 Eyes
05 Dust To Dust
06 Last Caress
07 Ghouls Night Out
08 Fiend Club
09 I Turned Into A Martian
10 Angelfuck


O ponto negativo do festival Guritiba Punk I foi a interrupção do show da banda No More Life feita pelo organizador do evento. Por volta das nove e meia, uma viatura da polícia parou em frente ao Balarama e converscou ocm a dona do restaurante e a comunicou sobre reclamações dos vizinhos. Enquanto isso, membros de outras bandas se desdobravam para substituir uma tomada que havia queimado durante o show anterior para conseguir energia para um dos amplificadores de guitarra, a mesa de som e uma das potências. Esses dois imprevistos atrasaram e interromperam a performance do quinteto e gerou muito desconforto para os membros da No More Life e também para o público presente que esperava muito ouvir as músicas próprias e fechar o festival com chave de ouro ao som de Bro Hymn.



Faixas

01 Primeira Oferta?
02 Wake The Dead (Comeback Kid)
03 7 Palmos

O festival Guritiba Punk I terminou com um saldo muito positivo porque cumpriu com seus três principais objetivos e recebeu inúmeros elogios durante e após o evento, o que deixou o organizador mesmo muito feliz. Este, por sua vez, mudará o discurso para primeira pessoa para deixar uma mensagem final para os amigos, conhecidos e desconhecidos que participaram do evento:

Parece que foi ontem. No começo de janeiro, meu amigo Caetano e eu estavamos acertando os últimos ajustes do volume I do zine Guritiba Punk e a ideia de fazer um festival já tinha surgido. Naquele momento achava que nunca seria capaz de fazer acontecer um evento como o de sábado por não ter nenhum conhecimento de teoria musical a não ser das bandas que realmente gosto.

Depois que os presentes deixaram o restaurante Balarama e a dona fechou o mesmo, fui para O Torto festejar, com a consciência tranquila e com a sensação de dever cumprido. Além de me sentir muito alegre e feliz pelo resultado, pela alegria dos meus amigos e conhecidos, pude finalmente e de fato fazer alguma coisa pela cena curitibana. O que mais gostei foi a participação dos guris e das gurias que me ajudaram apoiando o zine e na correria do festival. Em nenhum momento me senti dono do festival e aceitei toda a ajuda que me foi oferecida. Por isso, faço
questão de agradecer cada um que esteve ao meu lado antes e durante o Guritiba Punk I:

- A dona do restaurante, cujo nome me esqueci, que cedeu gratuitamente o local dias antes da realização do evento e no dia permitiu que o show acontecesse no piso e não no porão (não caberia toda a galera lá)

- Afonso, Giovana e Marina que aceitaram o convite para tirar fotos das bandas e da galera.
- Bruno, Murilo e Rômulo que ficaram na entrada do restaurante cobrando a entrada dos convidados
- Lucas, vulgo Rodol, que trouxe o microfone e o pedestal minutos antes da primeira banda se apresentar, possibilitando assim o início do evento e evitando mais atrasos
- Nadine e Pedro, vulgo Tocha que ajudaram de fato na limpeza do local
- Danilo, vulgo Alface, o cabeludo que chegou de fusca e o Pedro, vulgo Tocha, que dirigiram seus carros para buscar os equipamentos necessários e TODOS os que ajudaram nessa parte.

Tenho certeza que esqueci uma porrada, mas agora preciso ir para a PUCPR e se eu lembrar de mais alguém, coloco aqui.

As únicas coisas que me deixaram triste foi o volume do microfone, mas essa é uma questão de investimento financeiro e conseguimos o máximo que nossas condições ofereceram. O ocorrido com a banda No More Life foi algo que não pude evitar pois antes do problema com a tomada e a chegada da polícia. O quinteto está confirmado para o Guritiba Punk II, chamará uma banda amiga convidada e receberá o cachê simbólico assim como as outras cinco bandas escaladas para o Guritiba Punk I. Mesmo assim, ainda fico com um peso na consciência e ter que aparecer no meio do palco e pedir para eles pararem de tocar por causa dos policiais.

O que mais gostei foi que as bandas curtiram tocar lá e o que todo mundo mais gostou foi poder conhecer novas pessoas, beber, fumar, se divertir cada um da sua maneira.

Prestação de Contas

Uma das propostas do Guritiba Punk I foi ajudar as bandas e dividir igualmente entre o organizador do evento, as pessoas que ajudaram e os grupos o dinheiro arrecadado com a bilheteria, depois de subtrair os custos. Para manter a confiança no coletivo, a honestidade e transparência com todos os que participaram e se interessam, acho importante revelar os cálculos para todos.

Cinquenta convidados pagaram os R$ 5 da entrada, totalizando R$250. Disso subtraímos R$ 40 para dois motoristas que foram buscar equipamento de som e gastaram gasolina de seus carros. Comprei alguns "canetões" para marcar entrada dos artistas e convidados que custam R$ 3,50 Sobrou R$206,50. Abro mão da minha parte, logo os R$206,50 divididos por seis bandas dá aproximadamente R$34,40 por grupo. Os vocalistas das seis bandas já foram comunicados sobre o cachê simbólico e assim que me enviarem seus dados completos, número da agência e da conta corrente, depositarei para os mesmos essa quantia.

2 comentários:

bizonco disse...

A Road é nossa cara. Play this song again é a do street!

Willian Dolberth disse...

We're Only Gonna Die For Our Arrogance a musica do Sublime