2012/04/22

Resenhas: Guritiba I

A primeira edição do festival Guritiba aconteceu ontem a noite no Balarama Cozinha Indiana. O evento reuniu muitos amigos, as bandas convidadas para tocar e mostrou que ainda é possível fazer acontecer um festival com bandas dos gêneros musicais hardcore e punk rock sem o patrocínio da bares, casas de shows, lojas de instrumentos musicais e sem cotas de ingressos como manda a saudável cartilha da ética Do It Yourself.

Todas as fotos na horizontal foram tiradas por Marina Bueno. Clique aqui para conhecer seu trabalho e aqui para baixar todas as fotos que ela compartilhou.

O primeiro grupo a se apresentar, a You, cuja origem do nome é a música da banda californiana Bad Religion, interpretou sete músicas, seis de sua autoria. A performance comecou com atraso de uma hora porque o quinteto precisava de dois microfones e até o momento marcado para o início do show, apenas um se encontrava no local e estava pronto para ser usado. A organização do evento e os membros da banda se uniram e correram atrás do equipamento, até que este chegou e foi emprestado por Lucas, baterista da Till Joey. A apresentação foi muito especial para a You pois foi sua primeira oportunidade após dois shows em 2010. Na época, os garotos tocavam apenas por hobbie e passaram por trocas de membros mas a essa foi a oportunidade que eles precisavam para consolidar sua formação e seguir adiante com seus objetivos. O público presente já era numeroso e pode conhecer um dos grupos que apresentou uma das proposta mais pesadas de todo o festival. A intenção do quinteto era interpretar ao vivo as músicas Modern Man, New Dark Ages e You mas no final do show a segunda corda da guitarra de Leonardo arrebentou e a banda foi obrigada a encerrar a sua performance.



Faixas

01 Banda Comercial
02 One Reason (Pennywise)
03 Até Quando Esperar
04 Diploma (Noção De Nada)
05 Jeito De Viver
06 Faça Você Mesmo
07 Seus Erros Vão Te Ensinar



Pouco antes das 18:00, a Traditional Disorder deu sequência ao evento. Essa apresentação foi uma das mais energéticas da noite e interessou não somente os amigos da banda e os que já conheciam o grupo, mas também os outros presentes. O equipamento musical limitado comprometeu um pouco a qualidade do som para quem estava dentro do restaurante, mas a galera que curtiu o show do quinteto na frente do local pode ouvir sem problemas todos os instrumentos e, principalmente, a voz de Artur. Ele é o responsável por cantar as canções em inglês e por um dos diferenciais da Traditional Disorder: sua técnica de voz. A velocidade com a qual o baterista e os guitarrista executam as duas canções são outros pontos positivos para a banda mas, como não poderia deixar de ser, o baixista, Danilo, vulgo Paulista, deu um show a parte reclamando a apresentação inteira sobre um pequeno problema na alça de seu baixo. Assista a seguir ao video no qual banda interpreta a música Why Skate?:



Faixas

01 Intro
02 What You Say
03 Believe Or Be Free
04 Smoke
05 Redemption
06 I'm Enough
07 I.T.D.
08 Only Weak Fall
09 Why Skate?
10 I don't Give A Fuck


A grande surpresa da noite foi a performance da banda Till Joey. O pedido foi feito pelo baixista do quarteto, o mesmo que o do grupo anterior, dias antes do festival. Mais do que um show de divulgação, o momento foi muito especial para os quatro pois serviu para animar e alegrar seu barerista. Ele passou por momentos muito difíceis nas últimas semanas em uma luta pessoal contra seus próprios demônios e a oportunidade de fazer uma das coisas que mais gosta, tocar, o deixou muito feliz. O organizador do evento e autor dessas palavras não conhecia o garoto mas, após sabe a história, observou-o durante a apresentação e sentiu como aquele momento estava sendo especial para Lucas, vulgo Rodol. Como de costume, a Till Joey interpretou músicas de sua autoria e versões cover de suas influências: Bad Religion, Charlie Brown Jr, Planet Hemp, e Sublime. Como o público se encontrava afastado e fora do restaurante, o vocalista Tiago se apresentou dos presentes e mostrou uma performance de palco muito interessante, além de fazer discursos sobre a legalização da maconha, entre outros tópicos. Assista ao vídeo a seguir no qual a Till Joey intepreta Não Deixe O Mar Te Engolir:

Faixas

01 Pra Eu Cantar Minhas Revoltas
02 Mary Jane + Baseado Em Fatos Reais
03 We're Only Gonna Die (Bad Religion)
04 Manguetown (Chico Science)
05 Fire (Jimi Hendrix)
06 Sangue, Suor E Reação
07 Evinha Do Pó
08 Muito Empenho, Pouco Patrocínio
09 Não Deixe O Mar Te Engolir (Charlie Brown Jr)


A primeira parte do festival se encerrou com a performance da banda Save Your Ass. Mesmo com alguns erros individuais, o quarteto mais uma vez ofereceu uma apresentação sólida e que divertiu muito o público presente. A ordem escolhida para a execução das músicas foi muito feliz pois o quarteto pode divulgar as músicas de sua autoria, manteve o público muito interessado e depois fechou a apresentação com chave de ouro ao interpretar versões cover de Samiam e Street Buldogs. Após o show, membros de outras bandas comentaram com o organizador do festival que não conheciam a Save Your Ass mas que se impressionaram com o show e principalmente com a pegada do guitarrista Danilo, vulgo Alface. Assista a seguir ao vídeo a seguir no qual o quarteto abre sua apresentação com as músicas Destruction e Never Change:



Faixas

01 Destruction
02 Never Change
03 Garage
04 So Close
05 Galetera
06 The Scape
07 Money
08 Dull (Samiam)
09 Road
10 Play This Song Again (Street Buldogs)


Depois que a os membros da banda Hesterco prepararam o equipamento de som e afinaram seus instrumentos, o organizador do evento leu o texto Manifesto Hardcore, de sua autoria. Assista a seguir ao vídeo:



Depois do manifesto, a Hesterco se apresentou por cerca de 30 minutos. O tempo foi suficiente para a interpretação de todas as músicas do seu set list e passar a sua mensagem para o público. A maioria dos presentes já conhecia o grupo e os que não tinham nenhum contato com o quinteto puderam comprar seu primeiro álbum de estúdio, Armas Democráticas, pela bagatela de R$3. Este trabalho possui seis faixas, capa com encarte e foi gravado e lançado de forma independente do final do ano passado. A ocasião foi importante pois eles interpretar pela primeira vez a música Transportando (Parte II). Além de contribuir com sua performance, membros da banda ajudaram muito na realização do evento ao emprestar seus equipamentos de som e principalmente intermediando com a dona do restaurante a reserva do espaço para o festival.

Faixas

01 Nada De Novo No Front
02 Transportando
03 Financiando Uma Decadência
04 Dinheiro
05 Cidadão
06 Armas Democráticas
07 Transportando (Parte II)
08 Esperança


O trio Ribas On The Rocks foi a penúltima banda a se apresentar, pouco antes das 21:00. A banda escolheu interpretar v ersões cover de uma de suas maiores, o maior nome do horror punk, Misfits, durante todo o tempo disponível. Castor, Ribas e o baterista suplente mostraram uma puta presença de palco que animou os presentes a cantarem os versos das músicas durante todo o show. O trio possui um álbum de estúdio com músicas próprias gravadas, Ratcliff, com 10 faixas cuja descrição pode ser lida em seu site oficial.

Faixas

01 Astro Zombies
02 She
03 Halloween
04 20 Eyes
05 Dust To Dust
06 Last Caress
07 Ghouls Night Out
08 Fiend Club
09 I Turned Into A Martian
10 Angelfuck


O ponto negativo do festival Guritiba Punk I foi a interrupção do show da banda No More Life feita pelo organizador do evento. Por volta das nove e meia, uma viatura da polícia parou em frente ao Balarama e converscou ocm a dona do restaurante e a comunicou sobre reclamações dos vizinhos. Enquanto isso, membros de outras bandas se desdobravam para substituir uma tomada que havia queimado durante o show anterior para conseguir energia para um dos amplificadores de guitarra, a mesa de som e uma das potências. Esses dois imprevistos atrasaram e interromperam a performance do quinteto e gerou muito desconforto para os membros da No More Life e também para o público presente que esperava muito ouvir as músicas próprias e fechar o festival com chave de ouro ao som de Bro Hymn.



Faixas

01 Primeira Oferta?
02 Wake The Dead (Comeback Kid)
03 7 Palmos

O festival Guritiba Punk I terminou com um saldo muito positivo porque cumpriu com seus três principais objetivos e recebeu inúmeros elogios durante e após o evento, o que deixou o organizador mesmo muito feliz. Este, por sua vez, mudará o discurso para primeira pessoa para deixar uma mensagem final para os amigos, conhecidos e desconhecidos que participaram do evento:

Parece que foi ontem. No começo de janeiro, meu amigo Caetano e eu estavamos acertando os últimos ajustes do volume I do zine Guritiba Punk e a ideia de fazer um festival já tinha surgido. Naquele momento achava que nunca seria capaz de fazer acontecer um evento como o de sábado por não ter nenhum conhecimento de teoria musical a não ser das bandas que realmente gosto.

Depois que os presentes deixaram o restaurante Balarama e a dona fechou o mesmo, fui para O Torto festejar, com a consciência tranquila e com a sensação de dever cumprido. Além de me sentir muito alegre e feliz pelo resultado, pela alegria dos meus amigos e conhecidos, pude finalmente e de fato fazer alguma coisa pela cena curitibana. O que mais gostei foi a participação dos guris e das gurias que me ajudaram apoiando o zine e na correria do festival. Em nenhum momento me senti dono do festival e aceitei toda a ajuda que me foi oferecida. Por isso, faço
questão de agradecer cada um que esteve ao meu lado antes e durante o Guritiba Punk I:

- A dona do restaurante, cujo nome me esqueci, que cedeu gratuitamente o local dias antes da realização do evento e no dia permitiu que o show acontecesse no piso e não no porão (não caberia toda a galera lá)

- Afonso, Giovana e Marina que aceitaram o convite para tirar fotos das bandas e da galera.
- Bruno, Murilo e Rômulo que ficaram na entrada do restaurante cobrando a entrada dos convidados
- Lucas, vulgo Rodol, que trouxe o microfone e o pedestal minutos antes da primeira banda se apresentar, possibilitando assim o início do evento e evitando mais atrasos
- Nadine e Pedro, vulgo Tocha que ajudaram de fato na limpeza do local
- Danilo, vulgo Alface, o cabeludo que chegou de fusca e o Pedro, vulgo Tocha, que dirigiram seus carros para buscar os equipamentos necessários e TODOS os que ajudaram nessa parte.

Tenho certeza que esqueci uma porrada, mas agora preciso ir para a PUCPR e se eu lembrar de mais alguém, coloco aqui.

As únicas coisas que me deixaram triste foi o volume do microfone, mas essa é uma questão de investimento financeiro e conseguimos o máximo que nossas condições ofereceram. O ocorrido com a banda No More Life foi algo que não pude evitar pois antes do problema com a tomada e a chegada da polícia. O quinteto está confirmado para o Guritiba Punk II, chamará uma banda amiga convidada e receberá o cachê simbólico assim como as outras cinco bandas escaladas para o Guritiba Punk I. Mesmo assim, ainda fico com um peso na consciência e ter que aparecer no meio do palco e pedir para eles pararem de tocar por causa dos policiais.

O que mais gostei foi que as bandas curtiram tocar lá e o que todo mundo mais gostou foi poder conhecer novas pessoas, beber, fumar, se divertir cada um da sua maneira.

Prestação de Contas

Uma das propostas do Guritiba Punk I foi ajudar as bandas e dividir igualmente entre o organizador do evento, as pessoas que ajudaram e os grupos o dinheiro arrecadado com a bilheteria, depois de subtrair os custos. Para manter a confiança no coletivo, a honestidade e transparência com todos os que participaram e se interessam, acho importante revelar os cálculos para todos.

Cinquenta convidados pagaram os R$ 5 da entrada, totalizando R$250. Disso subtraímos R$ 40 para dois motoristas que foram buscar equipamento de som e gastaram gasolina de seus carros. Comprei alguns "canetões" para marcar entrada dos artistas e convidados que custam R$ 3,50 Sobrou R$206,50. Abro mão da minha parte, logo os R$206,50 divididos por seis bandas dá aproximadamente R$34,40 por grupo. Os vocalistas das seis bandas já foram comunicados sobre o cachê simbólico e assim que me enviarem seus dados completos, número da agência e da conta corrente, depositarei para os mesmos essa quantia.

2012/04/15

Resenhas: Broken Heart Club + Dialética + H.E.R.O + Rawfire + Run Like Lions + Sete Anos Mais Tarde

Aconteceu ontem a noite um dos festivais mais prazerosos e significativos do primeiro semestre no DCE da UFPR, em Curitiba. Duas bandas da capital dividiram o palco com três grupos que viajaram centenas de quilometros só para divulgarem sua mensagem, sentimentos nas letras de suas músicas e se divertirem o máximo possível. Esse tipo de momento é recorrente em eventos dessa categoria e é um ótimo exemplo de como o gênero musical hardcore e suas diferentes escolas é um dos mais honestos, sinceros e vibrantes de todo o leque musical. Muito mais do que uma fuga do cotidiano, de todas as obrigações familiares, profissionais e sociais, a noite do dia 14 será lembrada como um momento ímpar para cada um dos presentes que participaram da última festa do DCE da UFPR antes de sua reforma, seja para encontrar os amigos ou para apoiar os artistas e as pessoas envolvidas na realização do evento.


Pouco antes das oito da noite, o quinteto Dialética subiu ao palco para abrir o evento e tocou, entre músicas próprias e uma versão cover, por cerca de meia hora. Mesmo com alguns problemas no equipamento de som, a banda oferceu uma apresentação que destoou positivamente dos outros grupos pelo fato de suas músicas se encaixarem no rótulo do post hardcore e screamo. A Dialética de fato possui influências de bandas como Alexisonfire e Poison The Well e escolheu para o evento interpretar ao vivo a música Water Wings. Assista ao vídeo a seguir:



Faixas

01 Ego
02 Verossímil
03 Desassossego
04 Cárcere
05 Water Wings (Alexisonfire)
06 Temporal
07 Carregando a Minha Carga

A segunda apresentação ao vivo foi a da Sete Anos Mais Tarde, uma das mais divertidas da noite. Andrey, mais um membro da querida cena de Santa Felicidade, se revelou como orador e foi prova viva que todo vocalista, além de cantar e encantar, adora um discurso. A performance do grupo animou os presentes que se divertiram no meio da pista e que trouxe até mesmo familiares dos membros da banda. Se no primeiro show a Sete Anos Mais Tarde interpretou uma canção da banda Descendents, dessa vez o quarteto escolheu Safe, música de uma de suas maiores influências e também uma das bandas mais influentes do gênero musical em questão: a Dag Nasty. Após a apresentação das músicas planejadas para o festival, Andrey passou o microfone para o amigo Matheus que cantou mais uma cover: Young 'Til I Die, do grupo 7 Seconds.


Faixas

01 Péssimas Escolhas
02 Projetos
03 5 Vira 10 Ganha
04 Sete Anos Mais Tarde
05 Sem Título
06 Pássaros
07 Safe (Dag Nasty)
08 Cotidiano
09 Young 'Til I Die (7 Seconds)

A terceira atração musical, a banda paulista Running Like Lions, se apresentou a partir das 21:20. O festival já estava em um nível muito bom mas o quinteto adicionou elementos que tornaram a noite ainda mais especial. O guitarrista e vocalista Bruno compartilhou a grande responsabilidade de cantar músicas em inglês com o segundo guitarrista Dan e o baixista Caio para oferecer músicas que lembram muito Hot Water Music e Lifetime, só para citar algumas influências. Assista a seguir ao vídeo no qual a Running Like Lions interpreta a música Positive Along the Way, de sua autoria:



Faixas

01 Don't Lose Your Brecket
02 Homewreck
03 99 Yards
04 Sem Título
05 Brand New
06 Tip of my Toes
07 Just Quiet Evening (Lifetime)
08 Singapore
09 Positive Along the Way
10 Mission Acomplished
11 Lions


Uma das atrações mais esperadas da noite ofereceu um show curto (com duração de quase meia hora) mas que animou muito os presentes. A H.E.R.O. possui mais de dez anos de carreira e após várias trocas de membros, consolidou-se no cenário nacional e por isso ofereceu uma performance muito sólida na noite de ontem. Entre as músicas do set list estava Commando, original de um dos maiores nomes do punk rock mundial, Ramones. Assista ao vídeo a seguir:



Produtos de seu merchandise oficial foram anunciados entre uma canção e outra e foram adiquiridos por vários membros da platéia por precos acessíveis. O entusiasmo dos cinco membros (ou talvez a concentração de álcool no sangue) era tão grande que após a execução da última música, Mistakes, o guitarrista Bruno se jogou no meio de seus colegas de grupo e acabou emcima de todo o equipamento musical do outro guitarrista, Pudim.

Faixas

01 Thunder Dome
02 Alcatraz
03 Reign Over Me
04 Broken Home
05 The Omen
06 Commando (Ramones)
07 Air Strike
08 Mistakes

A manifestação artística que mais agradou os ouvidos refinados do autor dessas palavras foi justamente a banda escolhida para fechar o festival com chave de ouro. Antes de interpretar a música Friendship e encerrar o show da Rawfire, o vocalista fez um breve discurso. Plínio comentou sobre a amizade entre os membros das três bandas que se manteve durante todos os anos, mesmo com a entrada e saída de membros por vários motivos diferentes. A afirmação foi muito sincera e de fato é verdadeira pois todos os que vieram da cidade cinza para a capital ecológica interagiram com a H.E.R.O, a Rawfire e a Running Like Lions em todas as suas canções. Todas as músicas foram interpretadas de uma maneira especial que atingiu o coração de cada um dos presentes mas ouvir Remedy e Friendship após o discurso foi algo realmente especial e único para alguém que valoriza tanto o bem estar de seus amigos.

Faixas

01 Intro
02 Capitulate
03 Before I Start
04 Wishing Unhappy New Life
05 Quick Message, Slow Mode
06 Keep In The Garage
07 I Told You So (For What I've Done)
08 Remedy (Hot Water Music)
09 Mind On A Hunt
10 Sunrise
11 Friendship


O atraso de algumas horas não manchou nem um pouco o evento porque choveu muito em Curitiba a partir das 17:00 e nas horas seguintes. O coletivo Hardcore e Guerra de Classes fez acontecer um evento ímpar e merece os parabéns por trazer três bandas de outro estado e cobrar um preço justo pela entrada. A qualidade do som foi satisfatória e o espaço escolhido foi suficiente para comportar os presentes e até mesmo proporcionar sessões de devastação nasal no banheiro. No decorrer do festival, pessoas de três estados diferentes puderam se conhececer, flertar, trocar experiências e adiquirir cópias do volume III do zine Guritiba Punk. Seu próximo volume será distribuído durante o Guritiba Punk que acontecerá no próximo sábado, dia 21, a partir das 14:00.

2012/04/07

Resenhas: Hardcore Barbecue I

Ontem a tarde a noite aconteceu a primeira edição do evento Hardcore Barbecue na casa do Thiago SNFU, em Curitiba. A proposta inicial do churrasco era reunir amigos e conhecidos que moram nos bairros Santa Felicidade e Xaxim para andar de skate, beber cerveja, conversar e comer carne. Ao contrário da maioria da população cristã que reside no país, mais de 40 pessoas se reuniram no salão de festas do condomínio comer muita carne e para participar do evento que foi idealizado na terça-feira a noite pelo autor dessas palavras e por Danilo, vulgo Paulista, futuro sociólogo e baixista das bandas No Job, Till Joey e Traditional Disorder.

Os primeiros convidados chegaram pouco antes das 13:00 e já começaram a beber as cervejas de diferentes marcas disponíveis pois o anfitrião da festa comprou inocentemente packs de várias marcas utilizando o critério da cor dos packs para comprar as bebidas. Esse foi o único equívoco do Hardcore Barbecue mas rendeu muitas risadas após a seguinte foto publicada na rede social Facebook:


Amigos mais próximos do anfitrião ficaram conversando e imaginando como foi a cena dele comprando cerveja no mercado e fazendo duas viagens com um carrinho de feira no dia anterior ao evento para garantir que as cervejas estariam geladas até o começo do churrasco. No final das contas, bebida não faltou pois todos os reunidos contribuiram com duas enteras, a reunião acabou exatamente até o horário permitido e perto das 22:00 algumas pessoas ainda bebiam em seus copos.

Os três tipos de carne (asa de frango, linguiça e picanha) servidas duraram a tarde inteira e o começo da noite, agradaram os presentes e fizeram jus ao nome do evento. O destaque gastronômico ficou para a maionese preparada carinhosamente pelas mãos de ouro da dona Ivanize, elogiada diversas vezes por mais de 10 pessoas que provaram de uma das opções vegetarianas disponíveis na mesa.

Durante algumas horas um aparelho de som ficou ligado dentro do salão para animar os que estavam se divertindo no outro ambiente. As bandas selecionadas deram um caráter hardcore ao churrasco mas ao contrário do que o anfitrião esperava e tinha a princípio não autorizado, houve apresentação musical ao vivo por volta das 19:30. Como a vibe estava ótima, ele aceitou o risco de ouvir reclamações dos vizinhos e de seus amigos quebrarem o lugar para a diversão fosse ainda maior e o título do evento fosse ainda mais fidedigno. Amigos e conhecidos dos dois bairros fizeram uma correria para reunir o equipamento e instrumentos musicais necessários e se divertiram tocando o que sentiram vontade depois todos se certificaram que a avó a mãe do anfitrião tinham ido para a igreja orar. A maioria das canções interpretadas foram do gênero musical em questão mas o anfitrião estava muito ocupado com a organização do mesmo e só conseguiu gravar a música Killing In The Name Of, do quarteto Rage Against The Machine. Assista ao vídeo a seguir:



No final, o anfitrião ouviu muitos comentários de que não curtiu o churrasco e apenas se estressou com a logísitca do mesmo. Alguns já o conhecem bem, são íntimos, outros nem tanto e por isso ele utilizará seus conhecimentos linguísticos para mudar o discurso do texto de 3a para 1a pessoa para dar seu testemunho de como se divertiu e ficou muito feliz com a satisfação de todos:

Caros amigos e conhecidos, gostei muito da presença de todos no Hardcore Barbecue I. Essa foi a primeira vez que dei um churrasco em minha casa e por isso fiquei correndo de um lado para o outro pegando uma coisa aqui e ali para garantir que não faltaria bebida, comida e que os garotos pudessem se apresentar ao vivo. Deveria ter pensado em como deixar guardado ou preparado algumas coisas para ter facilitado a minha própria vida. Fiquei muito cansado e muito preocupado quando, no final do evento, dois dos presentes deram certo trabalho e fora, após receber certa ajuda, colocados para fora do condomínio. Não queria problema para a minha família e queimar o filme com os vizinhos, visto que naquele momento já estava com a ideia concreta de fazer acontecer um festival com seis bandas aqui mesmo em casa. Fora isso, eu de fato fiquei muito feliz e me senti especial por ver muitas pessoas que gosto se divertindo e depois elogiando muito o evento a cada cinco minutos. Alguns apertaram a minha mão, outros abraçaram e os mais exaltados tentaram me beijar, mas isso evitei. Tais gestos foram mais do que suficiente para sentir muita sinceridade nos elogios e abrir vários sorrisões em meu rosto. Estive próximo de membros de três cenas hardcore da cidade, colegas do curso de Direito e Letras, amigas e amigos que considero muito e pessoas que nunca tinha visto na vida mas que também me fizeram muito bem. Gostaria de ter dado mais atenção a algumas pessoas que trocaram ideia comigo sobre vários assuntos do meu interesse, mas a cada momento era interrompido para abrir o portão, receber os convidados e ir comprar mais cerveja. Os inúmeros agradecimentos na hora de ir embora me deixaram ainda mais alegre, satisfeito e tranquilo para poder deitar o rosto no travesseiro e dormir em paz.

Quero agradecer especialmente algumas pessoas que me deram apoio moral e me ajudaram com a logística do evento para que ele pudesse acontecer:

- Jorge e Nadine porque assumiram a churrasqueira e a cozinha e preparam os três tipos de carne que, assim como a maionese, também foram muito elogiados pelos presentes
- Blake e Caetano que ficaram quase três horas após o evento conversando comigo e ajudando a limpar o salão de festas
- Danilo, vulgo Paulista, muito mais por incentivar a criação do evento e por tocar no mesmo do que por ter se comprometido a assar a carne
- Fernanda e Karol que conversaram comigo num momento que precisei de atenção e carinho
- Todos os motoristas que fizeram a correria para buscar os instrumentos musicais e comprar mais carvão e cerveja no mercado, além de dividir seus carros e possibilitar que mais pessoas participassem do churrasco

A seguir, algumas fotos do evento: