2012/02/27

Resenhas: Hardcore E Rap

Ontem a tarde aconteceu a primeira edição do festival Hardcore E Rap na 92° Dance Hall, em Curitiba. Esse foi o evento mais divertido e significativo relacionado aos gêneros musicais hardcore e punk rock que aconteceu na cidade nos primeiros dois meses do ano. A diversão ficou por conta das conversas e troca de experiências que aconteceram antes, durante e depois do festival. O valor significativo será explicado durante as próximas linhas.

A organização do evento abriu espaço para quatro bandas de hardcore (No More Life, Save Your Ass, Till Joey, Traditional Disorder) e um artista de rap (Sujeito Sujo) mostrarem a sua música e o público pode conferir as canções por um preço muito acessível e a venda de bebidas por preço comum a outros lugares. A qualidade do equipamento e o espaço proporcionaram um ambiente agradável e dessa maneira os grupos puderam interpretar canções originais e versões cover.

Till Joey

A Till Joey foi a primeira banda a subir ao palco por volta das 19:00. O quarteto é um projeto paralelo de membros de outros grupos curitibanos e sua principal proposta é unir diferentes gêneros musicais e passar uma mensagem condizente com suas experiências cotidianas. Depois de abrir o show com Pra Eu Cantar As Minhas Revoltas, o grupo tocou um medley de Mary Jane, famosa canção da banda Planet Hemp e sua música própria, Baseado Em Fatos Reais. Após interpretar versões cover de Charlie Brown Jr, Jimi Hendrix e Sabotage e mostrar sua habilidade em misturar vários tipos de música, o quarteto mandou músicas próprias que podem ser ouvidas na sua página no Sound Cloud e fechou sua performance com a sua versão das músicas Testify e Killing In The Name Of. Esse foi o momento em que o público presente mais se agitou e a primeira roda se formou.

Faixas

01 Pra Eu Cantar As Minhas Revoltas
02 Mary Jane (Planet Hemp + Baseado Em Fatos Reais
03 Vinha Do Pó
04 Fire (Jimi Hendrix)
05 Tudo O Que Ela Gosta De Escutar (Charlie Brown Jr)
06 Rap É Compromisso (Sabotage)
07 Ainda Posso Sonhar
08 Muito Empenho, Pouco Patrocínio
09 Manguetown (Nação Zumbi)
10 Testify (Rage Against The Machine)
11 Killing In The Name Of (Rage Against The Machine)

Assista a seguir ao vídeo no qual o quarteto interpreta a música Killing In The Name Of, original do grupo estadunidense Rage Against The Machine:



Save Your Ass

Os rapazes oriundos do famoso bairro de Santa Felicidade se apresentaram pela segunda vez no local e tocaram sete músicas próprias e apenas duas versões cover. Dessa maneira os amigos e os que não conheciam o quarteto puderam notar a evolução no quesito performance ao vivo e conhecer duas novas canções ainda sem título mas que serão gravadas em um próximo trabalho da banda. Um dos momentos de maior animação foi durante a interpretação das músicas Destruction, Never Change e Garage. Durante a execução das mesmas, várias pessoas se sentiram a vontade para subir ao palco e acompanhar o vocalista Neto Boanerges. A banda possui grande potencial e se apresentará na primeira edição do festival Guritiba Punk, que acontecerá no fim do mês que vem.

Faixas

01 Destruction
02 Sem Título
03 (Face To Face)
04 Galetera
05 Money
06 Never Change
07 Play This Song Again (Street Bulldogs)
08 Garage 09 Sem Título

Assista a seguir ao vídeo no qual o quarteto interpreta a música Play This Song Again, original do grupo Street Bulldogs:



No More Life

O único quinteto que se apresentou abriu seu show com 7 Palmos, música original do grupo paulistano Medellin. O grupo sofreu um pouco com as diversas falhas com a tomada que ligava o cubo da guitarra e com o microfone durante a execução de suas músicas próprias. Mesmo assim, a No More Life virou o jogo e usou boa parte do tempo disponível para interpretar versões cover de suas maiores influências: Comeback Kid, Dead Fish e Rancore. Devido ao público reduzido que prestigiou as duas primeiras bandas, o homo afetivo e futuro sociológico Danilo, vulgo Paulista, subiu ao palco carregando uma lata de cerveja e desabafou sobre a falta de apoio que os membros de outras bandas e os conhecidos não dão quando sua banda não está no palco. O discurso é batido e tal atitude aconteceu, acontece e na opinião do autor desse texto continuará acontecendo por um bom tempo em Curitiba. De qualquer maneira, o saldo da No More Life foi muito positivo, os garotos mandaram bem no palco e com certeza amadurecerão e gravarão mais músicas próprias para mostrar ao público nos próximos eventos.

Assista a seguir ao vídeo do quinteto tocando Oferta, música de sua própria autoria:



Faixas

01 7 Palmos (Medellín)
02 Oferta
03 Ninguém
04 Wake The Dead (Comeback Kid)
05 Estação
06 Quarto Escurto (Rancore)
07 Bem-Vindo Ao Clube (Dead Fish)
08 Sonho Médio (Dead Fish)
09 Afasia (Dead Fish)

A banda Traditional Disorder foi convidada a participar do festival mas não pode se apresentar porque um de seus membros queimou a mão durante acidente de trabalho. O rapper Sujeito Sujo foi a última atração da noite mas o autor dessa resenha não está familiarizado com o gênero musical rap e por isso não se sente a vontade para escrever como foi sua apresentação.

Os não presentes no evento que lerem essa resenha provavelmente pensarão que esse foi só mais um festival com bandas independentes que subiram ao palco para se divertir. A diversão existiu e esse foi um fator que fez a ocasião especial. Mais do que isso, a ajuda mútua entre as bandas e a discussão sobre a criação de uma cena mais saudável, sem preconceitos e sem pessoas apontando o dedo para você aconteceu e os envolvidos se interessaram muito em continuar, ainda que pouco a pouco, a fazer acontecer.

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