2011/07/17

Resenhas: Verdurada Curitiba

Um dos festivais mais aguardados do início do segundo semestre começou hoje à tarde e terminou há alguns minutos na CEU, a Casa do Estudante Universitário. A 8ª edição do festival Verdurada Curitiba trouxe como atração principal um dos maiores nomes nome do movimento cultural e social queercore: o Limp Wrist. O grupo que se tornou famoso por ser o primeiro a abordar temas de interesse da comunidade LGBT no gênero musical em questão fez sua última apresentação da turnê brasileira e a primeira em Curitiba.

Filhotinho

O primeiro grupo que subiu ao palco foi um quinteto gaúcho formado pelos vocalistas Jéssica (Keka) e Pedro (Bigão), o baixista Maicon, os guitarristas Guilherme e Carlos () e o baterista Felipe (Arroiz). Depois de ter seu álbum de estúdio F-Crew lançado na terra do sol nascente em maio desse ano pela gravadora Karasu Killer, o Filhotinho tocou 13 músicas originais nos moldes do power violence e interpretou duas canções: Filler e Where Do I Fit In?. No decorrer da performance, os fãs puderam surfar em uma prancha trazida pelo pessoal do Rio Grande do Sul. O momento de maior êxtase por parte da platéia aconteceu durante a execução da música Filler, original do quarteto Minor Threat. Os primeiros acordes dessa música foram o suficiente para subir o sangue nas veias de uma dúzia de fãs que correram para o palco cantar os versos e o refrão desse hino do hardcore. O empenho de viajar mais de 14 horas de ônibus e continuar com um projeto mesmo que seus membros morem em cidades diferentes, faz de o Filhotinho ser um belo exemplo de grupo centrado, forte e unido.

Faixas

01 Não Se Amorgue
02 Possuído Pelo Skate
03 Top Model
04 Chapando de Info
05 F-Crew 06 CDR
07 Filler (Minor Threat)
08 Banda Independente
09 Pra Onde Ir?
10 Filhotinho
11 EV Maldito
12 Cópia
13 Cartazes e Grudi
14 Where Do I Fit In? (Better Core)
15 Skate Muito Além do Esporte

Futuro

O quarteto formado por ex-membros do grupo B.U.S.H. Klan e o mesmo vocalista da banda O Inimigo se apresentou a partir das 18:20. Com uma setlist com músicas originais com letras em inglês e em português, e versões cover, os quatro músicos tocaram por quase uma hora para um público fiel que veio de São Paulo para cantar junto e presenciar o último show com seu vocalista.

Faixas

01 Doce Ilusão
02 Don’t Need
03 Mais um Dia
04 Alucinado
05 Rumo ao Fim
06 53rd & 3rd (Ramones)
07 Sem Saída
08 Secrets
09 Live in a Void (Siouxsie & The Banshees)
10 Nowhere To Go
11 Depressão Juvenil
12 Hijos de Puta
13 Bush Klan

Durante o evento, o público presente pode mais uma vez lanchar sanduíches e salgadinhos vegetarianos, além é claro da famosa Mupy, bebida à base de leite de soja.

Nerds Attack


Uma hora depois do início da última apresentações, a banda Nerds Attack se apresentou para os presentes em mais um de seus shows de reunião. O grupo encerrou suas atividades no ano passado e quebrou a barreira da distância que separa seus membros nas cidades de Brasília e São Paulo para ensaiar algumas vezes e se preparar para uma ocasião tão especial como essa. Entre um discurso e outro, o vocalista Foca, o baixista Barreto, o guitarrista Fabiano e o baterista e segunda voz Cauê (Xopô) tocaram músicas antigas e mais recentes, entre elas faixas de um split com outro quarteto: o Vingança. Além disso, o baterista anunciou o livro discografia que foi lançado hoje pela gravadora

Faixas

Teu Pai Sabe?

A consagração e o momento de apoteose da banda Teu Pai Sabe? aconteceu dois anos depois que a banda mais queer de Curitiba gravou seu primeiro e até o momento único EP: Blasfêmia Pouca é Bobagem. O guitarrista Carlos Rosa, mais conhecido como 7 Metros, interpretou o personagem Setembrina e ficou belíssima com seu vestido branco e curto, maquiagem no rosto e sua guitarra de estrela do hard rock. Mais discretos, sem chapéu de general ou boa lilás, o vocalista Carlos Mamá (Mamazetti), o baixista Felipe (Felipênis) e o baterista Hugo (Hugolina) tocaram todo seu catálogo e ainda repetiram a primeira canção. O guitarrista comentou o cartaz do evento alfinetando aqueles que se sentiram ofendidos por se tratar da imagem de um pênis ereto e a ignorância alheia que acha que a questão da homossexualidade é algo que se passa de pessoa para pessoa. Mamá lembrou da violência desnecessária que durante o slam dancing que as vezes impede que algumas garotas participem da dança.

Faixas

01 Teu Pai Já Sabe?
02 Vida de Mentiras
03 Desejos
04 Tuff Guy
05 Vá de Bike
06 Dono da Verdade
07 Trans
08 Punk Rock (Bulimia)
09 Teu Pai Já Sabe?

Limp Wrist

Já na metade da noite, a maioria dos presentes estava cansado. Isso não impediu que a galera aproveitasse o show histórico que estava para começar. Após afinar os instrumentos, o Limp Wrist começou a apresentação mais esperada do dia. Andrew Martini, Paul Henry e Scott Moore se apresentaram por quase uma hora sob a liderança do emblemático Martin Sorrondeguy, em posse de seu boné militar e visual característico. O show foi muito energético e a qualidade do som estava ótima, o que possibilitou ao público aproveitar ainda mais o momento. Após a segunda metade da performance, Martin discursou sobre algo muito terrível que está acontecendo na cidade de São Francisco, no estado da Califórnia. O fato de este município ser conhecido como um local liberal para se viver não impede uma onda de assassinatos de homens e mulheres homossexuais e transexuais.

Faixas

01 Crust Like You
02 All Gone Gay
03 Smear
04 What’s Up Kids
05 Bought Out
06 Fucks With Head
07 Collapse
08 Man 2 Man
09 Want Us Dead
10 Sta
11 Dates
12 To The Grave
13 Spun
14 Back In Da Gay
15 Cruisin
16 Ode
17 Dead Weight
18 Knuckles
19 Complex
20 Wimp Wrist
21 HC Boys
22 Fake Fags

No fim, o já tradicional jantar vegetariano foi servido e uma grande fila se formou. Mais uma vez o coletivo que organizou o evento merece os parabéns porque o evento foi um sucesso. As quatro vans cheias que vieram de São Paulo e de outros estados voltarão para suas cidades com muita história para contar. Aqui em Curitiba, a cena continuará a mesma. Cada um no seu canto com as suas convicções e escrevendo e tocando pelo que acredita, com ou sem boicote e todas aquelas brigas desnecessárias na Internet.

4 comentários:

Lu disse...

Ami, parabéns pelo seu empenho em fazer a resenha. O texto está ótimo!

Kitty disse...

Gostei dessa resenha Thiago. Muito massa que tenha alguém como você cobrindo os shows dessa forma e postando resenhas de como vai a cena em curitiba. Legal mesmo.

ricardo disse...

cara MUITO boa a resenha! seria legal nas próximas vc formar uma parceria com algum fotógrafo conheçido que esta começando e é uma forma dele divulgar o trampo dele, e vc e ele se ajudando! é um critica construtiva... mas parabens mesmo assim, ótima resenha

abraços

Pedro Carvalho disse...

Opa, Pedro, guitarrista do Futuro. Valeu pela resenha!
Aproveito para fazer umas pequenas correções:

1- A parte que você diz que a banda é formada por "ex-membros do grupo B.U.S.H. e o mesmo vocalista da banda O Inimigo" dá a entender que o Kalota não fazia parte do B.U.S.H.
O Kalota fez parte do B.U.S.H. desde o começo e canta também no Inimigo.
Nós mudamos de nome, mas B.U.S.H. e Futuro são basicamente a mesma banda.

2-Nós tocamos uns 35 minutos, uma hora é muito chato, hehehe...

3- A 11º música se chama Desespero Juvenil, não Depressão e é um cover da banda Smack.

É isso aí, abraço e obrigado novamente pelo espaço!