2011/02/01

Entrevista: Mike Ness (Social Distortion)

Autor: Keith Carman
Data: 2011/02/01
Título: Social Distortion's Mike Ness
Tradutor: ThiagoSNFU
Veículo: Exclaim.CA
Link: http://www.punknews.org/article/41356

Mike Ness é um ícone do gênero musical punk rock. O fundador e guitarrista da banda Social Distortion escreveu músicas que nos viciaram desde 1978, e manteve o espírito vivo do quarteto por mais tempo do que seus colegas músicos. O grupo começou com muita humildade e uma de suas primeiras turnês aconteceu com a banda Youth Brigade e trinta anos depois, o Social Distortion já passou por tudo: muitos altos e baixos, problemas com drogas e muito mais. Dessa maneira, Mike Ness se tornou muito ligado ao grupo, e conseguiu o status de ícone do gênero musical, assim como Lemmy Kilmister, Sid Vicious ou qualquer um dos Beatles. Isso aconteceu devido a sua comunicação e voz peculiar, além das tatuagens que sempre chamaram a atenção.

Apesar de estar próximo dos cinquenta anos, ele ainda está preparado para a ação. Prova disso, é o mais recente álbum de estúdio de seu grupo, Hard Times And Nursery Rhymes, que sucedeu o bem recebido pelos críticos Sex, Love And Rock ‘N’ Roll. O vocalista se orgulha da diversidade que o álbum atingiu, graças aos refrões inchados, vários momentos de segunda voz estimulantes e aquele constante hino que todos os fãs da banda já estão acostumados.

“A minha intenção foi trazer a tona uma diversidade da minha bagagem musical que não esteve em evidência nos álbuns anteriores. Isso me deixa muito entusiasmado. Ainda que esse álbum já tenha sido lançado, continuarei o processo de composição das músicas e por esse motivo talvez o intervalo de lançamento entre os álbuns não seja comprido. O processo de composição das músicas não acaba necessariamente quando elas já estão prontas para o CD.”

Keith Carman: Qual é a sua principal ocupação nesse momento?

Mike Ness: Ando ocupado trabalhando em cima do meu carro. A minha esposa tem uma lista de coisas para fazer que não acabará nunca. Bom, a lista não estará completa no mínimo nos próximos meses porque tocando na turnê.

Keith Carman: Qual é a sua principal ocupação nesse momento?

Mike Ness: Ando ocupado trabalhando em cima do meu carro. A minha esposa tem uma lista de coisas para fazer que não acabará nunca. Bom, a lista não estará completa no mínimo nos próximos meses porque tocando na turnê.

KC: O que você costuma fazer no seu tempo livre?

MN: Pode parecer muito simples, mas gosto de acender a lareira toda noite. Tenho uma em casa e sentir o calor é uma das coisas que mais gosto de fazer. Gosto de observar e ver se consegui acender um fogo melhor do que na noite passada.

KC: Por que você escolheu esse lugar para morar?

MN: Eu morei aqui em Orange Country desde sempre. Há fácil acesso para tudo e ainda que todos possuam uma relação de amor e ódio com seus lares, ultimamente estou amando viver aqui. Além do mais, o clima do Sul da Califórnia é imbatível.

KC: Cite algo que você considere uma forma alternativa de arte.

MN: Amo algumas formas de graffiti: mais do tipo básico com arte em estêncil porque trás muitas imagens provocantes. Há muito talento e arte envolvida em um projeto como esse, assim como em um carro customizado. Com todo esse tempo de trabalho dedicado, a arte se torna uma espécie de escultura.

KC: Quais foram os altos e baixos da sua carreira musical? MN: Puxa vida, há muitos altos e muitos baixos, acho difícil dizer todos. Terminar a gravação desse álbum de estúdio é um ponto alto porque assumimos alguns ricos e foi assim que vivi durante toda a minha vida: assumindo riscos. Dividir o palco com Bruce Springsteen foi demais e fazer uma turnê com a banda Ramones também foi. Em algumas situações, depois de tudo o que passei, é difícil de aceitar chegar em uma casa de shows e não acreditar que vou tocar naquele lugar.

KC: Qual foi o mais inspirador e memorável show da sua vida? Por que?

MN: Acho que foi o primeiro. Assisti a apresentação do Rod Stewart no estádio de futebol americano da cidade de Anaheim, Califórnia. Eu tinha doze ou trezes anos e vi uma pessoa com o cabelo roxo pela primeira vez fumando maconha. Eu me perguntei: “Nossa, o que é isso?” Aquilo tudo significou muito para mim e foi a primeira vez que desejei viver de música. Naquela época, tinha dois pôsteres no meu quarto: um do Bruce Lee e outro do Keith Richards. Cheguei a conclusão que seria mais fácil tentar ser como o guitarrista.

KC: Quais foram os altos e baixos da sua carreira musical?

MN: Puxa vida, há muitos altos e muitos baixos, acho difícil dizer todos. Terminar a gravação desse álbum de estúdio é um ponto alto porque assumimos alguns ricos e foi assim que vivi durante toda a minha vida: assumindo riscos. Dividir o palco com Bruce Springsteen foi demais e fazer uma turnê com a banda Ramones também foi. Em algumas situações, depois de tudo o que passei, é difícil de aceitar chegar em uma casa de shows e não acreditar que vou tocar naquele lugar.

KC: Qual foi o comentário com maior significado dito para você antes, durante ou depois de uma apresentação?

MN: Um dos comentários que eu mais odeio é: “Cara, pensei que você era mais alto!” Eu respondo: “Quem foi que te disse que era alto?” Eu não tenho 2 m de altura, tenho cerca de 1,6 m.

KC: Sobre o que as pessoas deveriam calar a boca e parar de falar merda?

MN: Cara, não sei. Deixe-me perguntar para a minha esposa, ela diz que fico me preocupando muito mais com as minhas qualidades e defeitos do que com a dos outros, e por isso não consigo notar o que há de errado com as outras pessoas.

KC: Quais características você mais gosta e não gosta em você?

MN: Eu gosto dessa auto-preocupação comigo mesmo e isso nunca mudou na minha vida, mesmo depois desses 48 anos. Durante toda a minha vida, sempre fui cabeça dura ou teimoso sobre algum assunto, mas eu sempre fiz certo esforço para ser uma pessoa melhor. Há sempre espaço para melhora e algo para mudar. Nós podemos ser pessoas melhores.

KC: Qual conselho você deveria ter seguido, mas não seguiu?

MN: Qualquer um sobre sexo seguro e tomar drogas e até mesmo continuar na escola. Eu desisti quando era muito jovem mas depois mudei de idéia. Quando subi em um palco na cidade de Toronto me senti bem por voltar para a província de British Columbia. Pequenas coisas como essas me lembram do quanto deveria ter ficado na escola e prestado mais atenção.

KC: O que você pensa quando se lembra do Canadá?

MN: Eu gosto do país e de poder viajar para outros países e ver como eles funcionam de diferentes maneiras. Acho também que os Estados Unidos podem aprender algo com o Canadá, porque o país não está em guerra com ninguém e a política para estrangeiros é muito boa. Há várias bandas e quando eu assisto o canal de televisão a cabo MuchMusic, os vídeos me parecem muito criativos e legais. Muitos dos que tiram sarro do Canadá não estiveram lá e não tieram tempo de conhecer o país. Quando vou lá me divirto muito.

KC: Qual foi a primeira cópia original, em qualquer formato, que você comprou com o seu próprio dinheiro?

MN: O que ganhei provavelmente foi algum dos meus tios porque eu me interessei por música muito antes do que as outras crianças. Eu tinha cópias originais dos Beatles, das bandas Creedence Clearwater Revival e Rolling Stones já na 3ª série. Na 7a, já ouvia David Bowie , Lou Reed e Kiss. Na 11ª série, conheci Ramones, Sex Pistols e The Clash. Essa progressão musical se deu por influência dos meus pais. O meu pai ouvia muito a música de Johnny Cash. Sem ao menos me esforçar muito, eu já estava exposto a ótima música.

KC: Como você se prepara para as suas apresentações, para um dia de trabalho?

MN: Eu me preparo de muitas maneiras. Amo colecionar. Tenho quatro horas só para mim antes de ir trabalhar, antes de fazer a passarem de som e me preparar para um show. Durante essas quatro horas eu vou as compras, gosto de visitar lojas de antiguidades e também cafeterias que servem refeições vegetarianas. Gosto de me vestir com certa formalidade de tempos em tempos e por isso gosto de sapatos caros e roupas com design diferentes. Depois disso misturo as peças com outras de uma loja vintage e é isso mesmo, eu gosto de me mimar um pouco.

KC: Qual é o seu maior medo?

MN: O meu maior temor sempre foi o desconhecido, o que você não pode prever. A vida é cheia desses eventos imprevisíveis e mudanças. Eu pessoalmente não gosto muito de mudanças, ainda que as que aconteceram na minha vida foram para melhor. Mesmo assim não gosto e resisto o quanto mais eu consigo.

KC: Qual foi o encontro mais estranho que você teve com alguma celebridade?

MN: Foi quando a banda tinha contrato com a gravadora Sony. Fui convidado para a festa de entrega do prêmio Grammy em Nova Iorque. A nossa banda foi apresentada por Bruce Springsteen e Mariah Carey, mas o que eu queria mesmo era conhecer o Robert De Niro. Nos fomos formalmente apresentados e foi um pouco embaraçoso porque nos cumprimentamos com um aperto de mão e fiquei sem saber o que dizer. Depois de alguns segundos, disparei: “Bom, muito obrigado! Vejo você depois” O que eu poderia dizer? Poderia dizer que amava o trabalho dele? O que deveria ter perguntado? Achei que a apresentação era suficiente e fui embora. De qualquer maneira, foi embaraçoso.

KC: Qual seria a sua companhia ideal para um jantar? Pode ser alguém que esteja vivo ou que já morreu. O que você serviria?

MN: Um sanduíche de banana com manteiga de amendoim. Como convidado, Elvis Presley. O jantar seria fantástico.

KC: Qual música você quer que seja tocada durante o seu funeral?

MN: Let The Good Times Roll, música da banda The Cars.

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