Data: 2009/09/06
Título: The Incident In Santos, Brazil
Tradutor: ThiagoSNFU
Veículo: The Bad Religion Page
Link: http://www.thebrpage.net/shows/show_review.asp?reviewID=124

Pude notar um grupo de punks e a floresta selvagem que nos protegeu naquela noite. Naquele momento, dentro da casa de show, havia apenas amplificadores silenciosos e todo o som que uma floresta poderia nos proporcionar. Não havia nuvens e naquele momento não chovia. A passagem de som aconteceu sem nenhum problema e demoramos poucos minutos para atravessar o subúrbio da cidade e sobreviver. No final da pista de dança havia um bar sem cobertura e atrás dele uma vista panorâmica de toda a cidade abaixo de nós.
O precipício tinha cerca de 300 metros de altura até quebrar em um declive com coberturas de árvores que davam para a própria cidade. Lembro-me que se não fossem por aquelas cercas, toda a multidão poderia surfar para a direção do penhasco e não mais voltar.
A chuva começou sem aviso prévio. Nem ao menos um instrumento havia sido tocado, a banda de abertura nem ao menos tinha subido no palco. Estávamos no camarim tomando caipirinha quando um som de trovão caiu do céu. Um trovão atingiria o nosso teto e todo o barulho continuaria sem nenhuma trégua. A primeira instância isso pareceu comum para os cidadãos locais, mas após uma hora, eles começaram a ficar preocupados. Devido a nossa experiência ao redor do mundo, sabíamos que quando os responsáveis locais ficavam nervosos era porque o cenário poderia mudar instantaneamente. A apresentação atrasou duas horas e a platéia sabia que algo de errado estava acontecendo. As coisas mudaram de mal para pior. Em alguns lugares as quedas de energia duravam poucos minutos, mas o Brasil é conhecido por blecautes que duram alguns dias.
Não tinhamos certeza de quão abrangente tinha sido o blecaute porque só notamos a queda de luz nos camarins e no palco. Sabíamos que os membros da platéia também estavam sem luz porque a música que estava sendo tocada foi interrompida. Quando nos dirigimos para o fundo do bar visualizamos o nosso panorama. Pudemos ver as últimas regiões da cidade com luz, e em segundos, após vários piscos, toda a cidade na escuridão, após cinco minutos. Naquele momento, todos que esperavam para nos ver tocar ficaram muito putos.
Foi nesse momento que o promotor do evento veio até nós e disse: “Vamos cair fora daqui, os fãs estão transtornados e com certeza irão matar vocês.” Perguntei para mim mesmo: “Por que matar nós?” Pensamos até em tocar um set acústico, mas chegamos a conclusão que naquele lugar o público só ouviria a bateria do Bobby porque as guitarras não tinham energia.
Os 4000 fãs estavam nesse momento assoviando e cantando sem parar, enquanto nós voltávamos para a cidade. Chegamos no hotel e o promotor do show nos disse que voltaria para o loção do evento para solucionar o problema.
Tudo isso significava que o dinheiro dos ingressos seriam devolvidos. Depois descobrimos que isso não acontece quando o cancelamento da apresentação se dá por problemas relacionados às condições climáticas. Enquanto ele buscava uma solução para o problema, nós estávamos nos preparando para dormir. Já era mais de meia-noite e a tempestade tinha passado. A energia não havia voltado e por esse motivo nos viramos com velas até que o celular tocou lá pela uma hora da manhã: “Vocês precisam voltar agora, nós temos energia.”
A volta para a casa de show pela colina foi um caos. Não havia luz nas ruas, as pessoas não paravam de gritar, vários saqueadores se aproveitando da situação e os punks descendo a montanha e subindo-a novamente quando souberam da possibilidade da apresentação acontecer. O tráfego e todo o barulho das buzinas e motores era ensurdecedor. Não havia como seguir com a van e por isso caminhamos quase um quilometro até chegar na casa do show. Assim que entramos pelas catracas, fomos recebidos com olhares carregados de descrença.
Duas da manhã. O local continuava lotado. Tocamos um setlist inteiro e vivemos o momento de nossas vidas. O caos, o entusiasmo, a mistura de sentimentos e a conspiração que a floresta tropical nos ofereceu foi uma experiência incrível.
Agradeço a todas as pessoas que permaneceram juntas para aquela apresentação. Nós não nos esqueceremos daquilo tão cedo.
Epílogo: A queda de energia se tornou um blecaute que se espalhou por uma rede de cidades. O estado inteiro de São Paulo sofreu a queda de energia, que deixou mais de 68 milhões de pessoas em energia por 24 horas.

O precipício tinha cerca de 300 metros de altura até quebrar em um declive com coberturas de árvores que davam para a própria cidade. Lembro-me que se não fossem por aquelas cercas, toda a multidão poderia surfar para a direção do penhasco e não mais voltar.
A chuva começou sem aviso prévio. Nem ao menos um instrumento havia sido tocado, a banda de abertura nem ao menos tinha subido no palco. Estávamos no camarim tomando caipirinha quando um som de trovão caiu do céu. Um trovão atingiria o nosso teto e todo o barulho continuaria sem nenhuma trégua. A primeira instância isso pareceu comum para os cidadãos locais, mas após uma hora, eles começaram a ficar preocupados. Devido a nossa experiência ao redor do mundo, sabíamos que quando os responsáveis locais ficavam nervosos era porque o cenário poderia mudar instantaneamente. A apresentação atrasou duas horas e a platéia sabia que algo de errado estava acontecendo. As coisas mudaram de mal para pior. Em alguns lugares as quedas de energia duravam poucos minutos, mas o Brasil é conhecido por blecautes que duram alguns dias.
Não tinhamos certeza de quão abrangente tinha sido o blecaute porque só notamos a queda de luz nos camarins e no palco. Sabíamos que os membros da platéia também estavam sem luz porque a música que estava sendo tocada foi interrompida. Quando nos dirigimos para o fundo do bar visualizamos o nosso panorama. Pudemos ver as últimas regiões da cidade com luz, e em segundos, após vários piscos, toda a cidade na escuridão, após cinco minutos. Naquele momento, todos que esperavam para nos ver tocar ficaram muito putos.
Foi nesse momento que o promotor do evento veio até nós e disse: “Vamos cair fora daqui, os fãs estão transtornados e com certeza irão matar vocês.” Perguntei para mim mesmo: “Por que matar nós?” Pensamos até em tocar um set acústico, mas chegamos a conclusão que naquele lugar o público só ouviria a bateria do Bobby porque as guitarras não tinham energia.
Os 4000 fãs estavam nesse momento assoviando e cantando sem parar, enquanto nós voltávamos para a cidade. Chegamos no hotel e o promotor do show nos disse que voltaria para o loção do evento para solucionar o problema.
Tudo isso significava que o dinheiro dos ingressos seriam devolvidos. Depois descobrimos que isso não acontece quando o cancelamento da apresentação se dá por problemas relacionados às condições climáticas. Enquanto ele buscava uma solução para o problema, nós estávamos nos preparando para dormir. Já era mais de meia-noite e a tempestade tinha passado. A energia não havia voltado e por esse motivo nos viramos com velas até que o celular tocou lá pela uma hora da manhã: “Vocês precisam voltar agora, nós temos energia.”
A volta para a casa de show pela colina foi um caos. Não havia luz nas ruas, as pessoas não paravam de gritar, vários saqueadores se aproveitando da situação e os punks descendo a montanha e subindo-a novamente quando souberam da possibilidade da apresentação acontecer. O tráfego e todo o barulho das buzinas e motores era ensurdecedor. Não havia como seguir com a van e por isso caminhamos quase um quilometro até chegar na casa do show. Assim que entramos pelas catracas, fomos recebidos com olhares carregados de descrença.
Duas da manhã. O local continuava lotado. Tocamos um setlist inteiro e vivemos o momento de nossas vidas. O caos, o entusiasmo, a mistura de sentimentos e a conspiração que a floresta tropical nos ofereceu foi uma experiência incrível.
Agradeço a todas as pessoas que permaneceram juntas para aquela apresentação. Nós não nos esqueceremos daquilo tão cedo.
Epílogo: A queda de energia se tornou um blecaute que se espalhou por uma rede de cidades. O estado inteiro de São Paulo sofreu a queda de energia, que deixou mais de 68 milhões de pessoas em energia por 24 horas.

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