2010/10/25

Entrevista: Brian Baker (Bad Religion)

Autor:
Data: XX/XX/1996
Título: Miscellaneous Interview
Tradutor: ThiafoSNFU
Veículo: The Brian Baker Page
Link: http://brianb.homestead.com/miscint.html

Entrevistador: Como foi tocar na banda até agora?

Brian Baker: Não muito difícil, coisas boas estão acontecendo. Não há do que reclamar.

E: Há quanto tempo você toca na banda?

BB: Há dois anos! Participei da turnê e fomos para todos os lugares. Parece que faz mais tempo do que isso e eu já me acostumei, o que é muito bom. Não quero parar!

E: Você era fã da banda antes de se juntar a ela?

BB: Era mas não o suficiente para ser considerando um grande fã. Eu realmente redescobri o grupo. Gostei do álbum de estúdio How Could Hell Be Any Worse? quando era bem jovem e aí esqueci deles. Perdi a época do Suffer e a do No Control. A redescoberta aconteceu com o lançamento de Recipe For Hate e aí percebi o quanto eles eram maravilhosos. Contudo, até o momento que eu me uni a banda eu nunca tinha ouvido falar de Suffer. Eu era apenas um fã, mas ao mesmo tempo também era o escolhido. Conheço Greg Hetson há 16 anos e os outros há um bom tempo desde que comecei a curtir punk rock. Por isso não foi difícil assimilar a música, nós já nos conhecíamos.

E: Como é estar em uma banda punk de grande sucesso depois de todas as bandas undeground nas quais você tocou?

BB: É como estar em todas as outras bandas com exceção que mais pessoas nos assistem tocar, é algo mais dinâmico. Somos todos amigos e não penso o que os fãs acham da banda mas sim do que a banda pode contribuir para os fãs, sobre como é divertido tocar, como as pessoas se envolvem. Até mesmo o processo de composição das canções é divertido. Eu estaria fazendo o que estou mesmo se o grupo não fosse famoso.

Os fãs de hardcore se lembram de mim por causa das bandas Minor Threat e Dag Nasty, mas antes de me unir ao Bad Religion eu estava vivendo em Los Angeles, fiz uma contribuição para a banda Junkyard e já me encontrava fixo na cena de Hollywood.

E: Você participa do processo de composição das músicas?

BB: Digamos que sim, estou tentando ajudar e sou uma espécie de Band-Aid!

E: Há muita pressão em cima de você, no sentido de preencher o espaço deixado por Brett Gurewitz?

BB: Não, eu não tenho a intenção de escrever metade das músicas como o Brett fazia. Eu não consigo escrever nem metade do que o Greg Graffin consegue e a última coisa que eu quero fazer é imitar alguém que já estava lá. Continuei escrevendo canções parecidas com as que escrevia na época do Dag Nasty. Graffin gostou de quatro e fez algumas modificações. Isso se chama colaboração. Eu não estou tentando calçar o sapato de outra pessoa. Entretanto, caso eu crie um riff interessante, é claro que irei compartilhar com os outros membros para saber a opinião de todos.

Hoje a noite é uma noite especial. Sábado de calor não usual na Califórnia. A casa de shows é aberta para pessoas de todas as idades e pode se ver muitos jovens com mochilas, camisas e tênis. Antes do show, Brian e eu estávamos sentados no chão do estacionamento e podíamos ouvir a rádio local tocando músicas dos últimos sucessos alternativos. Agora que a banda Bad Religion, assim com muitas outras se tornaram mais popular, enquanto que mantiveram a sua integridade e fizeram comentários político-sociais através das letras de suas músicas, perguntei para Baker se as pessoas que comparecem as apresentações realmente sabem porque estão lá. E


E: Os fãs prestam atenção nas letras das músicas ou comparecem apenas para “moshar”?

BB: Eu me supreenderia se 20% dessas pessoas viessem até aqui sabendo o que estão fazendo. Mas, de uma maneira geral, a maioria dos fãs da banda sabe o que está acontecendo. Tocamos em países como Alemanha e Sueca que possuem uma experiência religiosa eles sabem o que significam cada canção mesmo com a barreira linguística.

E: Você se sente incomodado que nesses shows promovidos por rádios, as pessoas venham apenas para fazer folia?

BB: Acho que não é o meu trabalho determinar como as pessoas devem reagir as nossas músicas. Não sou a polícia da contracultura punk. O que faço é tocar e não importa aonde os shows acontecerão, para mim sempre será legal. Não tenho a intenção de dizer para as pessoas que elas não legais o suficiente para freqüentarem os shows do grupo nem muito menos que só porque você só ouviu o single que tocou na rádio você não é um fã de verdade. Isso é besteira. Venham todos e se divirtam dançando e se quebrando.

E: Por que você acha que o gênero musical punk rock tão acessível às massas populares?

BB: Isso já havia explodido da proporção em 1985. O senso de comunidade e perigo desapareceu assim que atores e modelos apareceram usando as jaquetas de couro em seus filmes após o lançamento de Sid And Nancy. O único motivo que todos estão dizendo que o movimento foi destruído é porque quem diz isso tem 14 anos. O gênero musical agora é de domínio das massas e isso não será mais consertado, por isso é hora de parar de se preocupar com uma comunidade que não existe e se preocupar um pouco mais sobre gostar das bandas certas pelas razões certas. Talvez os grupos tenham algo importante a dizer. Não importa com qual gravadora eles assinaram contrato. Reserve um pouco do seu tempo para investigar através das poucas coisas que você faz enquanto seus heróis punks faziam quando tinham a sua idade.

Todos os membros da banda vivem em diferentes cidades: Baker em Washington D.C., Hetson em Los Angeles, Graffin em Ethica, Jay Bentley em Vancouver e Bobby Schayer em Seattle. Para gravar o álbum de estúdio The Gray Race, todos se reuniram para trabalhar com o líder da banda Cars, Ric Ocasek, responsável pela produção deste álbum.

E: Como foi trabalhar com Ric Ocasek?

BB: Ele é um cara alto. Um cara alto tem grandes ouvidos! Esse é o motivo pelo qual ele entende muito de produção: grandes ouvidos! Ele realmente é um cara sensacional, um benevolente com um par de seis ouvidos.

E: O que significa o título desse trabalho?

BB: Significa o puro uso da língua que Graffin usou como metáfora para a raça humana. Ele fez uma observação conceitual que diz que os seres humanos são os mais desenvolvidos de todo os animais e os únicos que podem enxergar sombras em cinza mas só conseguem distribuir em branco e preto. A observação se tornou uma música e a música um tema. Somos a única espécie com essa habilidade e mesmo assim estamos sentados nos destruindo.

E: O que significa o título desse trabalho?

BB: Significa o puro uso da língua que Graffin usou como metáfora para a raça humana. Ele fez uma observação conceitual que diz que os seres humanos são os mais desenvolvidos de todo os animais e os únicos que podem enxergar sombras em cinza mas só conseguem distribuir em branco e preto. A observação se tornou uma música e a música um tema. Somos a única espécie com essa habilidade e mesmo assim estamos sentados nos destruindo.

E: Como é viver como músico em uma banda cujos membros vivem em diferentes cidades?

BB: Nós não ensaiamos. Quando estamos nos preparando para fazer uma turnê, nós nos encontramos em algum lugar e passamos um dia juntos, e aí começamos a viajar. Quando gravamos um álbum, visitamos uns aos outros em nossas casas durante uma semana, praticamos e aí vamos gravar.

E: Fazer isso não é difícil?

BB: Por que seria? Passo dez meses por ano com esses caras! Caso vivesse na mesma cidade que eles, não gostaria nem de passar perto nos outros dois meses.

E: Todos os membros da banda se dão bem?

BB: Sim, todos nos relacionamos muito bem e nunca tivemos uma briga. Além dos membros da banda contamos com outros profissionais que nos ajudam e que estão com o grupo desde antes da minha entrada. Somos uma família de 18 pessoas.

Achei informações úteis na Internet enquanto preparava essa entrevista. Logo percebi que não era o único que fazia e Brian confessou que ele tinha recentemente começado a surfar na web.

E: Já que essa entrevista é para uma revista online, preciso perguntar se você tem um computador e se você acessa a Internet.

BB: Comprei um computador recentemente e gastei um pouco do meu tempo online, contudo tive que viajar para fazer a turnê. Não acessei muito nos hotéis porque ando muito cansado mas o Graffin está online em tempo integral e de vez em quando vou até o quarto dele e lemos a respeito.

E: Qual é a sua visão da Internet em termos do que ela está fazendo para a música?

BB: Acho que ela é muito positive para o gênero musical. Nos sites sobre a banda você pode encontrar coisas muito interessantes, algumas que eu nem sabiam que estavam lá. Aprendi sobre a minha própria banda na internet!

Nesse momento da entrevista, Baker estava visivelmente cansado e com fome, com uma sacola com comida abandonada que fora trazida por seus colegas de banda que não paravam de chamar pelo seu nome durante a entrevista. Peguei uma última palavra do guitarrista perguntando o que ele colocaria dentro do seu “Book of Cool”.

E: Caso você fosse o escritor do “Book Of Cool”, o que você colocaria nele?

BB: Colocaria carros americanos com motor V8 porque acho que são as coisas mais legais que existem no mundo. Estou fixado nisso porque no momento eu não tenho um carro. Gosto de tocar na banda e com certeza colocaria esse prazer dentro. Acho que todos deveriam fazer isso.

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