A quinta edição do festival Guritiba aconteceu ontem a noite no bar TNT e foi o primeiro evento organizado pelo selo Guritiba a contar com a presença de bandas de outros estados: os paulistas da Rawfire e da Running Like Lions. Todas as quatro edições anteriores foram especiais e importantes para as pessoas que se envolveram e os grupos que aceitaram o convite, mas é unânime que foi, até o momento, o melhor dos Guritiba no que diz respeito a qualidade das bandas e equipamento de som disponível. Cada um dos seis grupos se destacou por motivos diferentes e você descobrirá quais foram nas linhas a seguir.
A banda Alcoólica subiu ao palco com mais de uma hora de atraso, fato que comprometeria todo o festival. O microfone que o vocalista Henriko usou durante a primeira música apresentou alguns problemas que foram resolvidos antes da segunda canção. A performance do quinteto (agressiva e energética) foi muito semelhante ao do evento anterior, mas dessa vez a qualidade do show foi superior, devido ao backline disponível já citado no começo desse texto. Mesmo assim, para que a plateia ouvisse melhor os solos de guitarra, Henriko posicionou o microfone principal na frente das caixas de Deniz e Renan. O público presente variou entre amigos, familiares e os que já estavam presentes no bar. O quinteto, mais uma vez, interpretou versões cover de grupos que o influenciou como Misfits e Titãs.
Faixas
01 Pulsação
02 Dores e Revoltas
03 Polícia (Titãs)
04 Continuar
05 Halloween (Misfits)
06 Radioativo
07 Distante de Tudo
08 Sonhos
09 Mais um Suicida
10 Scream (Misfits)
11 Terno e Gravata
12 Mortalha
A banda Beer Buk Trio, assim como a Beyond Frequency, foi convidada pelo selo para enriquecer ainda mais o evento, já que os quatro outros grupos possuem uma proposta musical que varia entre o hardcore e o punk rock. Dito e feito. Cintia e seus colegas que também tocam na Vou Cuspir no seu Túmulo, Caio e Juliano, interpretaram canções de sua demo que já foi publicada no Sound Cloud, e algumas inéditas. As músicas desse trio não possuem letras o que gerou brincadeiras saudáveis por parte dos amigos. Sobre a performance, faz-se necessário destacar a resposta do público presente que nesse momento do festival já era numeroso. Os presentes entraram na mesma sintonia da guitarra, dos gritos de Cintia e da bateria de Juliano. Este contribuiu com a sua voz em algumas canções, agradeceu a oportunidade que o trio recebeu para tocar e no fim da apresentação não escondeu todo cansaço que sentiu e a energia que recebeu da galera. Apesar de não possuir estrofes ou versos, as canções possuem processos de composição interessantes. Uma de suas canções, por exemplo, foi influenciada pelo filme Coração Valente.
Clique aqui para assistir ao vídeo no qual a Beer Buk Trio interpreta a música Smash My Car e aqui para La Luz.
Faixas
01 Santa Clara Poltergeist
02 O Vampiro de Curitiba
03 Smash my Car
04 Saylor Boy
05 Tony Montana
06 Sé às Seis
07 Horrorshow Interzona
08 Nada me Faltará
09 La Luz
A primeira metade do festival acabou por volta das 22:00, com mais uma apresentação da banda SYA. O quarteto formado por Danilo, vulgo Alface, Felipe, vulgo Japa, Marcelo e Neto voltaram a se apresentar em uma edição do Guritiba após performance no restaurante indiano Balarama e outra no mesmo bar, ambas no primeiro semestre. Comentar sobre uma banda tão boa e com grande potencial como a SYA é chover no molhado. Sua performance empolgou a grande maioria dos presentes (amigos, conhecidos, pessoas que não conheciam o quarteto e até mesmo as duas bandas de São Paulo), seja enquanto Neto e companhia interpretavam suas autorais ou nas versões cover de Samiam e Street Bulldogs. O show foi o mais energético de todo o festival e os que acompanham a SYA podem esperar um show especial de lançamento de seu primeiro EP (ainda sem título e lista das faixas definidos) que acontecerá ainda esse ano e será organizado pelo selo Guritiba em parceria com o próprio grupo.
Clique aqui para assistir aos vídeos nos quais a SYA interpreta a música Dull, original do grupo Samiam, aqui para Never Change e aqui para Play This Song Again (mais uma cover, dessa vez de Street Bulldogs) e The Escape, de sua autoria.
Faixas
01 So Close
02 Appetite For Destruction
03 Road
04 Galetera
05 Dull (Samiam)
06 Never Change
07 Garage
08 Play This Song Again (Street Bulldogs)
09 The Escape
10 Money
O quarteto Beyond Frequency deu sequência ao festival e foi a grande surpresa da noite. André, vulgo Pai, Brunno, Douglas, vulgo Vovô e Marcos, vulgo Bolota, se apresentaram no bar TNT, há cerca um mês. Na troca de palco entre o grupo anterior e a Beyond Frequency houve um pequeno acidente com a caixa de guitarra de Brunno. O vocalista Neto a derrubou sem querer e o fato gerou certo desconforto para o guitarrista que, com os ânimos menos exaltados, pediu desculpas à Neto na metade do show e pôs fim ao ocorrido. Qual seria a diferença em tocar novamente no mesmo lugar? Isso só a banda pode responder, mas o público comentou várias vezes que essa foi a melhor performance da noite. A proposta musical da Beyond Frequency é de fato muito interessante e proporcionou aos ouvintes uma viagem muito semelhante aos que usam certos tipos de substâncias alucinógenas. Pela primeira vez o grupo interpretou uma música (ainda sem título, como todas as outras) na qual o baixista Bolota usou um xilofone. Após o show os membros comentaram que cometeram alguns erros mas isso não diminuiu nem um pouco a média final do show e várias pessoas foram cumprimentar o quarteto pela sua apresentação.
Clique aqui para assistir ao vídeo no qual a Beyond Frequency interpreta uma de suas músicas.
Faixas
A banda ainda não decidiu os títulos de suas canções.
O atraso em efeito dominó fez com que mais da metade do público deixasse o bar TNT antes do show da banda Running Like Lions e, consequentemente, o da Rawfire. Não há banda principal nos festivais organizados pelo selo Guritiba, mas toda a expectativa ficou para os grupos que se propuseram a viajar mais de 400 quilômetros para tocar pela segunda vez na cidade. Os que ficaram, cerca de 50 pessoas, assistiram ao show mais sólido de todo o festival. Durante a execução das autorais, o quarteto mostrou toda sua presença de palco e proposta musical influenciada por Bouncing Souls, Face to Face, com um toque especial oferecido pelo baterista Arthur e os responsáveis pelas cordas e os vocais Bruno, Caio e Dan. A experiência dos quatro, que já tocaram em importantes bandas como Atrial, Children of Gaia, Clearview, Deposers, Good Intentions e Os Thompsons, foi importante para mais uma ótima apresentação como essa, apenas com pontos altos. Uma das surpresas da noite foi a interpretação de Keep in the Garage, original dos irmãos da Rawfire. Clique aqui para assistir. O microfone que Caio usava falhou bem na metade da música, mas o quarteto contornou a situação e contou com a ajuda dos seus amigos Pedro e Plínio. O saldo da apresentação foi muito positivo. O grupo pode interpretar todas as músicas do set list e ainda trouxe vários adesivos e camisas de seu merchandise para os interessados.
Clique aqui para assistir ao vídeo no qual a Running Like Lions interpreta as duas primeiras músicas de seu setlist, Don't Lose Your Bracket e Homewreck.
Faixas
01 Don't Lose Your Bracket
02 Homewreck
03 99 Yards
04 Singapore
05 Brand New
06 Tip of my Toes
07 Keep in the Garage (Rawfire)
08 Kneel and Pray
09 Positive Along The Way
10 Mission Accomplished
11 Like Lions
A responsabilidade de fechar o Guritiba V ficou com a Rawfire e ela o fez com chave de ouro. Os amigos oriundos da cidade cinza e inimigos das namoradas escrotas esperaram duas horas a mais do que o planejado para interpretar canções. O conteúdo das letras são os fortes laços de amizades e o quanto isso ajuda as pessoas na superação de crises emocionais e questões introspectivas. Toda essa mensagem foi transmitida em estrofes e versos com considerável carga poética, como em Sunrise e Wishing Unhappy New Life. Sobre a apresentação, o vocalista Plínio se destacou visualmente por estar trajado como um bom e velho irlandês. A fama de beber muita cerveja do povo irlandês provavelmente o serviu de inspiração que, é claro, destacou-se também na parte musical. O quinteto devolveu a homenagem da Running Like Lions ao interpretar Tip of my Toes, dessa vez sem problemas no microfone e com a gratificante ajuda de Caio e Dan. Clique aqui para conferir esse momento.
Clique aqui para assistir ao vídeo no qual a Rawfire interpreta as duas primeiras músicas de seu setlist, Intro e Wishing Unhappy New Life.
Faixas
01 Wishing Unhappy New Life
02 Quick Message, Slow Mode
03 Bones
04 For What I've Done (I Told You So)
05 Keep In the Garage
06 Mind On a Hunt
07 Not Your Savior (No Use For a Name)
08 Before I Start
09 Tip of my Toes (Running Like Lions)
10 Sunrise
11 Friendship
12 Capitulate
13 I Beg To Differ
O festival Guritiba V será lembrado com muito carinho por todas as pessoas que participaram dele: amigos, bandas, conhecidos que ajudaram na organização do mesmo e pessoas que não foram até o bar TNT mas ajudaram indiretamente na viabilização do evento. O organizador do festival, Thiago, escolheu essa edição como a sua favorita e deixa agradecimentos para as seguintes pessoas:
Aos músicos André Luis (dono do Estúdio 33, guitarrista das bandas Glock e Last Sigh), seu colega de banda Glock, o guitarrista Christiano e Bruno, guitarrista do grupo Hesterco. Os três alugaram equipamento de som por preços acessíveis, diminuindo assim os custos do festival.
Aos músicos André, vulgo Pai, e Brunno, ambos da Beyond Frequency, por emprestarem suas caixas de guitarra para o show de sua banda e da SYA, e Danilo, vulgo Paulista, cujas bandas (Capetoize, Till Joey e Traditional Disorder) não tocaram no evento mas mais uma vez emprestou sua caixa de baixo sem cobrar um mísero tostão.
Aos músicos das seis bandas que aceitaram o convite, tocaram durante as quase oito horas de festival e foram pacientes com toda a organização do evento, principalmente aos grupos Rawfire e Running Like Lions. Eles deram um voto de confiança ao Selo Guritiba , aceitaram viajar com uma ajuda de custo mínima e se hospedar nas casas dos amigos Gabriel Protski e Rafael Silva, pessoas que também merecem um muito obrigado. O atraso, aliás, talvez seja a única mancha no festival mas os paulistas mostraram quão agradável e recompensador foi tocar para os amigos e pessoas que realmente se interessam por suas músicas.
Aos amigos Afonso por emprestar a bateria; Danilo, vulgo Paulista, Nadine e Pedro, vulgo Tocha pela ajuda na mesa de som e na troca de palco, aos amigos Carlos, vulgo Caetano, Daiane, a namorada Cintia (futura Primeira-Dama do Hardcore Curitibano), que cuidaram da bilheteria e venderam os volumes do zine e ao Murilo e ao Rômulo que ofereceram ajuda para ficar na bilheteria, caso fosse necessário.
O resultado do Guritiba V foi ótimo e mais uma vez foi possível organizar um festival que respeitou a cartilha do Faça Você Mesmo, no qual muitas pessoas se envolveram, nenhum grupo precisou vender cota de ingressos, não houve patrocínios mas sobrou alegria e troca de experiências. A próxima edição acontecerá no mesmo bar com as bandas Anti-Corpos, Rabo de Galo, Teu Pai Já Sabe, Traditional Disorder e mais dois nomes que serão divulgados nos próximos dias. A data será o dia 2 de novembro e o evento começará a partir das 15:00.